Aterrisei em Londres, Heathrow Aeroport, como em 1989 e 2007. Desta vez, peguei o expresso: aeroporto - Paddington. Cheguei na estação de metrô Paddington e minha cabeça ficou um pouco perdida. Quanta gente, agitação, pessoas falando várias línguas, andando rápido, da direita para esquerda, da esquerda para direita, na transversal, paralela e tangente. Sou um nada!!! rsrsrsrs... pensei eu!!! Que baita choque cultural... Uau... Respirei profundamente e comecei a curtir...
A ficha caiu, cheguei a uma GRANDE megalópole! Cidade onde já morei por 6 meses lááá em 89. Onde fiz 18 anos e não queria mais voltar para o Brasil.
Segui para casa de meu amigo Anthony na estação Maida Vale! Ao chegar na estação, ali estava ele me aguardando: um querido e um gato!!!
Foi muito gostoso rever o Anthony, pois já havia ficado na casa dele em 2007! A casa onde ele mora é uma graça, nos fundos da sala há uma vista para um LINDO jardim, muito verde e muitas flores! Super na paz!!! Opa, um refúgio!!!
Detalhe: o Anthony fala português, inglês e francês. Ainda bem!!! Porque quando falava em inglês, mudava para o francês sem perceber ou trocava várias palavras. Era tudo automático!!! Que sensação mais estranha!!!
Bom, chegamos e já fomos passear no mercado de Porto Belo em Notting Hill.
Neste mercado há de tudo: roupas, bijous, objetos antigos, artistas nas ruas, gente esquisita, gente bonita, vc ouve pessoas falando várias línguas, muitos brasucas, peças de artes, galerias, algumas lojas com vitrines super bem feitas. O Anthony sugeriu comermos comida africana... hummm, delícia!!! Adoro esta diversidade que possui as megalópoles... Seguem algumas fotinhos deste dia:
Depois fomos para o Hide Park, nos sentamos na grama e ficamos lá batendo papo por algum tempo... Voltamos para o apto, o Anthony tinha um aniversário, ele me convidou mas fiquei em casa refletindo esse contraste cultural por qual estava experenciando.
A diferença entre Lyon e Londres é contrastante. O capitalismo é tão mais evidente em Londres, claro que Lyon também existe! Mas, não dá para comparar com a grande megalópole!!! O jeito das pessoas também! A maneira reservada e amigável dos franceses se desfaz em Londres com um jeito mais individualista, porém uma surpresa de pessoa para pessoa. Eu só tive boas experiências... A comida, sem comentários. Vocês podem imaginar minhas saudades dos queijos, baguetes, crepes e sorvetes?Agora eu entendo um pouco melhor essa "questão" entre franceses e ingleses. Na França ouvi que a Inglaterra era a 16° região da França, cá entre nós...
Bom, no outro dia, o Anthony me levou para conhecer o Spitalfields, um outro mercado. Imaginem a feirinha do center 3 de domingo, na Paulista, multiplicado por 50!!! Era em um bairro do leste que estava em decadência, foi um bairro de conflitos entre os ingleses e indianos na década de 70. Aos poucos o bairro foi se transformando, pois artistas se mudaram para lá porque o aluguel era mais barato e o bairro foi se transformando e aos domingos há o mercado Spitalfields: Super coolllll!!! Muito artista, gente diferente, gente bonita, gente esquisita!!! Havia de tudo para comprar e de tudo para comer... isso num domingo. Em Lyon, aos domingos todo o comércio está fechado!!! Fiz um videozinho para mostrar um pouco para vocês e seguem algumas fotinhos. Espero que curtam:
Picadilly Circus |
Oxford Street |
Nos mercados em Londres não há necessidade de caixas para pequenas compras. Está tudo automatizado!!! Você passa o produto e paga com dinheiro ou cartão por meio da máquina acima!!! |
No outro dia de manhã, passei no Consulado para deixar mais alguns papéis, voltei para casa do Anthony para pegar as malas. Peguei o trem para Liverpool onde encontrei minha prima amada, minha priminha Loly de 9 anos e meu priminho Dylan de 21 meses. Nosso encontro foi emocionante!!!
Foi maravilhoso rever minha querida prima e ficar em família!!! Mas, desse encontro escreverei na próxima postagem!!!
Esta semana recebi duas mensagens lindas, que gostei demais, e desejo compartilhar com vocês, tem muito a ver sobre os momentos que vivo:
PRIMEIRA:
Yehuda Berg
SEGUNDA:
De Contardo CaligarisÉ fácil de desistir de nossos sonhos.
Dedicamos mais energia à tentativa de silenciar os nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los
GIL PENDER, o protagonista do último filme de Woody Allen, "Meia-Noite em Paris", quer deixar de escrever roteiros de sucesso (que ele mesmo acha medíocres) para se dedicar a coisas "mais sérias" e menos lucrativas: um romance, por exemplo. Ele acumulou dinheiro suficiente para tentar essa aventura por um tempo, em Paris, como um escritor americano dos anos 1920.
Infelizmente, Pender está prestes a se casar com uma noiva que aprecia muito seu sucesso atual, mas não tem gosto algum pela incerteza (financeira) de seu sonho. Tudo indica que ele se dobrará às expectativas da noiva, dos futuros sogros e do mundo, renunciando a seu desejo. Talvez seja por causa dessa renúncia, aliás, que noiva e sogros o desprezam (todo o mundo acaba desprezando o desejo de quem despreza seu próprio desejo).
Mas eis que, na noite parisiense, alguns fantasmas do passado levam Pender para a época na qual poderia viver uma vida diferente e mais intensa -a época na qual seria capaz de fazer apostas arriscadas.
A idade de ouro de Pender é a Paris de Hemingway, Fitzgerald, Cole Porter, Picasso etc. Como disse Gertrude Stein (outra protagonista do sonho do herói), eles são a geração perdida, entre uma guerra terrível e outra pior por vir (isso ela não sabia, mas talvez pressentisse). Por que eles fariam a admiração de Pender e a nossa? Hemingway responde quando explica a Pender que, para amar e escrever, é preciso não ter medo da morte. Claro, não ter medo da morte talvez seja pedir muito, mas Pender poderia mesmo se beneficiar com um pouco mais de coragem; se conseguisse decidir sua vida sem medo da noiva e dos sogros, seria um progresso.
Concordo com o que escreveu Marcelo Coelho, em artigo neste mesmo espaço na edição de 22 de junho: uma moral do filme é que "temos só uma vida para viver -a nossa", ou seja, tudo bem sonhar com a idade de ouro, à condição de acordar um dia.
Agora, o que emperra a vida de Pender não é seu sonho nostálgico, é o presente. A nostalgia, aliás, é seu recurso para não se esquecer completamente de seus próprios sonhos. É como se, para preservar seu desejo, ele o situasse numa outra época. Mas preservá-lo de quem?
Antes de mais nada, um conselho. Acontece, às vezes, que nosso sucesso não tenha nada a ver com nossos sonhos -por exemplo, você queria ser promotor de Justiça, mas fez algum dinheiro com a imobiliária de família e aí ficou, renunciando a seu sonho.
Nesses casos, uma precaução: case-se com alguém que ame seu sonho frustrado e não só seu sucesso; sem isso, inelutavelmente, chegará o dia em que você acusará seu casal de ter sido a causa de sua renúncia. Em outras palavras, é possível e, às vezes, necessário renunciar a nossos sonhos, mas é preciso escolher como parceiro alguém que goste desses sonhos e dos jeitos um pouco malucos que usamos para acalentá-los (no caso de Pender, passeios por Paris à meia-noite e na chuva).
Voltemos agora à pergunta: contra quem Pender precisou preservar seu desejo, mandando-o para outra época? Contra a noiva que desconsiderava seus sonhos? Aqui vem outra moral do filme.
Pender não é nenhum caso raro: todos nós, em média, dedicamos mais energia à tentativa de silenciar nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los. Muitos dizem que desistiram de sonhos dos quais os pais não gostavam por medo de perder o amor deles. Mas por que Pender recearia perder o amor da noiva, que ele não ama, e dos sogros, que ele ama ainda menos?
O fato é que somos complacentes com as expectativas dos outros (que amamos ou não) à condição que elas nos convidem a desistir de nosso desejo. É isso mesmo, a frase que precede não saiu errada: adoramos nos conformar (ou nos resignar) às expectativas que mais nos afastam de nossos sonhos. Aparentemente, preferimos ser o romancista potencial que foi impedido de mostrar seu talento a ser o romancista que tentou e revelou ao mundo que não tinha talento. Desistindo de nossos sonhos, evitamos fracassar nos projetos que mais nos importam.
Em suma, da próxima vez que você se queixar de que seu casal afasta você de seus sonhos, lembre-se: foi você quem o escolheu.
E mais um conselho: se você encontrar alguém disposto a caminhar na chuva do seu lado, não fuja; molhe-se.
Bôra nos molhar!!!!!!
Saudades de todos!!!
Beijos a todos!!!
Clau